quarta-feira, 30 de abril de 2008

TEMPO E ESPAÇO


Sou feito desses homens
Voláteis como o tempo e o espaço
Homens fortes, feitos de fuligens
Homens fracos, mas que são feitos d'aço.

Homens, quarks de um chip de computador
Homens-moinho, que da cana cospem o bagaço
Sorvem hoje o fel da própria dor
Vôam com asas contidas por um laço

Homens com ânsia de vida
E vidas vazias com ecos de sonho
Sonhos vorazes deixam feridas

Nas vidas fugazes desses homens,
Quem sou? levo ou sou levado pela brida?
Sou feito do futuro e sua simbiose com o ontem.

RISCOS ESTELARES


Passou pegou um caco dela e fez um risco fluorescente
Homens passaram e pisaram, outros não o viram
Outros o viram e não o comprrenderam,
Alguns poucos ousaram, o viram e a leram

Pega o poeta um caco de estrela
Ilumina de pesares, de dores, de apelos
Cintila de alegria, prazeres, faz a noite virar dia
Pelos cacos de estrelas que escreve
Os cacos de sua vida em forma de poesia...

OLHOS


Onde tateiam teus olhares perdidos
Em que colinas vão eles apalpar
Em que áridos desertos corre infindo
A cor intrigante desse imenso olhar

Olhos que vêem o que está em minha mente
Que enxergam tudo de nós que ficou atrás
Que cheiram o futuro de cada semente
Que ouvem as notas que a música nos faz

Olhos cansados, olhos dementes
Olhos não mentem, e os teus jamais
Olhos de ira e uma lira somente
Há de cantar-lhe, só ela é capaz.

Some o poeta, mas não de tua mente
Vós me enxergas, vê tudo o que vai
Dê-me asas para que eu veja horizontes
Enfim, dê-me teus lábios, para uma lágrima que cai.

MOTO CONTÍNUO



Gargalha, rí, chora, lamento o teu pesar
Estraga, refaz enfim conserta
Recomeça a cada sol e também a cada luar

Renasce do fétido, da ferida que quebra
Abre teu seio para nele tu possa se enxarcar
Leva com graças os pesares que a vida te leva

Sem que sofras na mesma um só pesar
Quebra teus heróis, arranca as asas que te presas
Para que sem nada de fútil finalmente possa voar.

AMIZADE



Que laços unem dois seres, que grilhões?
Ligam-se duas almas por meio da amizade?
Dir-se-ia Deus,que és piedade aos malsões
A dar-nos o bálsamo da fraternidade?

Simbiose magnífica a representar a evolução
Da humanidade que arde em pântanos horrendos
Oh! amizade, sinônimo de revolução
Nos seios das bestas telúricas que andam gemendo

Espectro de sonho, de quimera, ainda sim
És tu amizade, com quem conto nas noites de trevas
És tu que faz do abate um tiro de festim

E a terra inútil uma fértil gleba
Amizade, conhecida por utopia, ainda assim
Sinto vibrar o teu nome por toda terra.

Luar


Lua de brumas e mistérios
Lua de corpo de mulher, de olhos níveos
Lua segue o espaço, que vigia impérios
Lua para a pena do poeta, para o cine no vídeo

Lua moderna coberta de cinzas
Lua antiga, teu esmalte a brilhar
Lua voraz, sôfrega sintila
Teus beijos em minha boca estalar

Lua de seios etéreos, de lábios dulcíssimos
Oh luar cai eterno em meus olhos e enfim
Apareça ao nascer do dia, uma lua de festim
Teu trabalho de arte inexorabilíssimos

Luar sobre o mar, sobre as relvas e selvas
Sobre as chapadas desce tua luz feito manto
Beija o Egito, o Saara, luar me leva
Leva este poeta neste luar sacrossanto.