Embora pouco, ainda tenho muito pensado
Na pena das asas dos anjos que tornam
A tocar minha face quando sonho,
Num sonho de bêbado onde as putas recitam poemas
Onde poetas recriam os mundos
Dourados como a cárie dos dentes dos bêbados
Que palitam sob a luz da lua,
Sob o som dos ratos, som da lembrança
Das danças fugazes, das valsas que dançastes
Entre moças e rapazes em sua velha juventude
Embora o acaso dos dias infindos
Onde sóis e luas carcomem o meu rosto
Onde letras carcomem meus olhos
A mente burila idéias de fuga dos mundos
Onde bigornas nos bolsos carrego
Onde grilhões me mordem os passos
Onde juízes me podam pecados
Eu voo, embora me queiram por perto
Eu voo, embora sorriam os gênios sem obras
Embora não exista Lei Áurea para casos perdidos
Para mendigos, putas ou bêbados,
Existe o sorriso que teima na treva
Existe para nós o que jamais tu percebeste
Um veneno mortal ou uma chave que nos dá asas
Chamada poesia.
Embora pouco, ainda tenho muito pensado
Embora peso, ainda muito tenho voado.
Imagem: Antonio Mateus
Fonte: http://br.olhares.com/
quarta-feira, 29 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
POEMA DE AMOR DE UM POETA FRIO
Eu que da placenta das quimeras
Arranquei meu sonho mais realista
E de lá, feito um pássaro ligeiro
Saiu você, nívea feito à nuvem,
Púrpura feito o entardecer,
Quente, de olhos negros
Feitos meus pensamentos mais tenebrosos
Nasce do pântano das minhas dores
Do balsamo das minhas ilusões
Dos delírios das minhas chagas
Achas neste pântano de fuligens
Uma alma tristonha, mas um coração em flores
Achas um rosto trigueiro e frio
Mas que não reflete em sua tez
A altivez do meu próprio brio
Pois amor surge em mim como bálsamo,
Uma gota de cada vez.
Imagem: André Ulysses de Salis
Arranquei meu sonho mais realista
E de lá, feito um pássaro ligeiro
Saiu você, nívea feito à nuvem,
Púrpura feito o entardecer,
Quente, de olhos negros
Feitos meus pensamentos mais tenebrosos
Nasce do pântano das minhas dores
Do balsamo das minhas ilusões
Dos delírios das minhas chagas
Achas neste pântano de fuligens
Uma alma tristonha, mas um coração em flores
Achas um rosto trigueiro e frio
Mas que não reflete em sua tez
A altivez do meu próprio brio
Pois amor surge em mim como bálsamo,
Uma gota de cada vez.
Imagem: André Ulysses de Salis
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Para que eu possa levitar
Poesia me leve para que eu possa levitar
Me leve para que eu possa sofrer
E depois vir te contar
Me leve nessa valsa, me leve nessa dança
Me solte desse grilhão para que eu possa
Nessas tuas tranças me enforcar
Poesia sorrir, me mostra teus dentes
Para que eu possa te mastigar
Para que possa te beber, mesmo sem te entender
E assim depois de tantos goles
De estrelas cadentes, de noites errantes
Eu possa levitar
Poesia me leve a escrever
Para que eu possa me libertar.
Foto: Alberto Orbegoso
Fonte: http://br.olhares.com/el_balet_municipal_de_lima_foto1221942.html
Me leve para que eu possa sofrer
E depois vir te contar
Me leve nessa valsa, me leve nessa dança
Me solte desse grilhão para que eu possa
Nessas tuas tranças me enforcar
Poesia sorrir, me mostra teus dentes
Para que eu possa te mastigar
Para que possa te beber, mesmo sem te entender
E assim depois de tantos goles
De estrelas cadentes, de noites errantes
Eu possa levitar
Poesia me leve a escrever
Para que eu possa me libertar.
Foto: Alberto Orbegoso
Fonte: http://br.olhares.com/el_balet_municipal_de_lima_foto1221942.html
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