quinta-feira, 22 de maio de 2008

DO MUNDINHO PERFEITO


Em determinados períodos históricos... Aliás, não! Em todos períodos históricos, atribuir genialidade a qualquer pessoa é difícil. O gênio da música, pintura, teatro, filosofia ou seja o que for, é difícil de aparecer. Certamente se fôssemos mais prudentes com nossos estudos poderíamos perceber que metade do que a ciência e a história atribuem como gênio estratosférico, na realidade não passa de mero embuste ou um cacoete do que realmente foi genial.
Porém, contradizendo toda a história da humanidade, em Crato a genialidade é fácil. É como um fruto estendido, pronto a ser colhido, como as mangas no Lameiro que mais me parecem brincos pendurados nas orelhas de uma mulher gigantesca. Aqui a genialidade é atesta por fórmulas simples, permitindo ainda pequenas variações. Você antes de tudo tem que ser marxista, comunista, socialista, podendo ou não, ter o ar de revolucionário. Esta é à base da genialidade (na versão mais comum) aqui na cidade. Seu gosto musical pode variar entre a afirmação mentirosa de que gosta de música erudita (apesar de achar um porre, mas isso atesta sua “genialidade”), e a coisa mais imunda e cansativa que é o compromisso com “os artistas da terra” (como se tivesse contato com artistas de Marte, Plutão, Saturno, etc.). A(s) variável (eis) possível (eis) é (são): não gostar da música dita “culta”, porém, necessariamente gostar dos artistas da terra (embora nem todo mundo que lance um livro ou grave um CD seja necessariamente artista), e gostar de um misto musical que deve ter forró pé de serra (arte sublime e incontestável), maracatu com rock (esse mister do vanguardismo!!!) e algo que represente a cultura popular (irmãos Aniceto ou quem quer que seja, mas que toque pífano).
É claro que não contesto os valores culturais que os Irmãos Aniceto tenham, ou da beleza e criticidade que Chico Science tenha em sua obra musical, e que Marx tenha sido importante etc etc. A questão não se trata disso. O que se trata é que repetir o que Marx disse em 1867, ou fazer uma salada entre Chico Science e os Irmãos Aniceto não atestam de modo algum sua genialidade ou a qualidade artística de quem for. Aliás, na maioria dos casos mostra apenas um comodismo pseudo-intelectual-artístico onde se quer um lugar na história por ter aprendido meia dúzia de palavras em orelhas de livros. Infelizmente estamos muito distantes de sermos a tal “Cidade da Cultura”... Petrolina e Juazeiro da Bahia pelo menos tem muita uva, melancia ou seja o que for, plantadas as margens do São Francisco para usar o termo em outro prisma.

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