terça-feira, 2 de junho de 2009

QUASE DELÍRIO

Eu que prometi jamais verter novamente meu olhar sobre ti
Voltei ao túmulo das ilusões perdidas
Voltei a agoar os lírios que outrora foram arrancados pela raiz
Voltei ao cocho antigo em que voavam prazeres onde bebia-os como uma fera sedenta
Cá estou, fronte de ti, musa dos pecados e dos desejos que ainda latejam
Latejam embora o pulso fraco, embora minuano e não vendaval
Embora polegadas, e não passos largos em direção ao horizonte


Eu que prometo com a mesma facilidade que desfaço promessas
Prometo que nunca mais retorno aqui, Íris de meus sofrimentos
Brida que me guia por falsas esperanças, com olhares de isca
Com trejeitos de ser minha, embora esteja apenas ao alcance de meus olhos
Delírio eterno jamais interrompido...
-Oi! Boa tarde.
Assustado acordo e respondo com um sorriso discreto:
-Boa.
-Mais café senhor?
-Não, não. Estou de saída... De saída...
... De saída para nunca mais voltar, até o próximo fim de tarde.

Foto: Pedro Monteiro

2 comentários:

Marlon disse...

viiiixe...muito bom...

paz e sorte!

Antonio Sávio disse...

Valeu Doctor pela nobre visita.