
O vento sopra forte nas noites de inverno,
A chuva fere a epiderme da terra
Nas noites quentes de verão.
Levitam no outono as folhas-libélulas...
Primordial, as cores violentas nos prados.
Quem és aí vós, no meio dessa orquestração
De cores, sons, cheiros...
Quem és no reflexo do sol nas penas dos pássaros,
Quem és no instante que orvalho levita
Na pétala tão rubro-rósea-nívea?
És a vida e sentido, o logos, a essência
És a medula, o nervo que vibra,
A sinapse da idéia,
O fogo da pira,
És o supra-sumo da imanência.
És o que exala e contém,
Na existência e no vazio,
O que existe de amor,
Em meu seio e em minha consciência.
Foto: Nina Linhares