segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ROSA DOS VENTOS, TEMPOS E ESPAÇOS


Se soubesse quem és, perguntaria
O que de mim seria, e qual sereia tu seria?
Saara meia noite dentro de mim
O que sou eu neste pesadelo perdido com fome
Olhando para tí nos hotéis de Dubai

Arábia, quem te diria, em teus manuscritos
Que nada me diz, hoje me diria
Que dança no céu os faraós com os califas
Com a rosa dos ventos nos cabelos ao sons da mansa brisa
Para o sorrir desta sereia que esta noite possuiria

Que horas são?...eu saberia de Dalí não derretesse
O tempo, mas assim me perderia
E não seria quem sou hoje, sem tempo nem espaço
Onipresente na tentativa diária de poesia

Me guia então mulher, rosa dos ventos, tempos e espaços...vazios

VOAR POETA



Sonhava o insano voar pelo universo
Sonhava com passos bem telúricos
O poeta louco, casto, sensual, boêmio
Sonhava que a pena na mão era o único refúgio

Anda o poeta por veredas infindas
Perdia-se em umbrais, em prados, porfia uma vil sentença
Pagando pelos sonhos que sonha ainda...
Vai o poeta, some, que cá está tua presença,
Que tua pena brada pela voz de um tenor que jamais se finda

Sonhava o poeta ver grilhões partidos
Mas o preço do voar é caro conforme o risco
Lá no céu voar de encontro a um corisco
É diferente de um pássaro que canta ferido

Voar contra as próprias entranhas é poesia
É filosofia romper e poetizar
Proeza, vós acompanha o vate nesta noite fria
Acompanha os passos deste caminhar

sábado, 25 de outubro de 2008

XADREZ



Olhos lançados nos meus, partida aberta neste xadrez
Olhos, recíprocos olhares nesta teia de desejos
Bispos à frente, à frente cavalos
Desejo e cálculo, um de cada vez

Tez de menina, ar de egípcia, arte e mistério
Guerra no palco, centro em jogo
Império em crise.
Não há quem já visse este teu cor(e)ação
Robro em desejo, ensejo de vidas e mortes
No bojo de cada relação.

À frente as bases, enlaçam-se as torres
E delas enfim...do alto apanho teu coração.

ABIDORAL JAMACARU E O "BÁRBARA" - O MENESTREL DO CARIRI APRESENTA SEU NOVO TRABALHO MUSICAL.


A notícia não poderia ser melhor, chegou o tão aguardado CD daquele que é um dos maiores símbolos da musicalidade Cariri/Brasil.
“BARBARA”, assim se intitula o mais novo trabalho de Abidoral Jamacaru, que presta justa homenagem a heroína Dona Barbara de Alencar. Neste terceiro trabalho Abidoral mantém-se coerente aos seus princípios musicais. Contextualização literária atualizada, arranjos trabalhados sob a sua supervisão, sempre com propósitos inovadores! Novos parceiros, novas roupagens nas músicas de outros autores.



“ Abidoral é o mesmo, renovado, como o sonho que ousou iniciar ainda imberbe e não deixou de sonhar homem feito com a prata da barba e do cabelo, seu sonho de Mateus e nos acordar com seu canto brincante”. Trechos da apresentação que abre o encarte sob as palavras do consagrado cantor/compositor: Chico César.

Ficha técnica:
- Gravado em padrão digital no estúdio: IBBERT-SOM
- Produção artística e executiva: Abidoral Jamacaru
- Direção musical: Lifanco
- Assistente de produção: José Flávio Vieira
- Projeto gráfico: Reginaldo Farias
- Foto contracapa: Pachelly Jamacaru
Mixagem e masterização: Abidoral, Lifanco e Iberteson Nobre

Como adquirir:
Breve nas lojas da cidade ou em contato com o autor:
Fone: 8811. 0195
Endereço de Abidoral: Rua José carvalho 247,
Centro Crato-Ce
63100.000

Foto: Pachelly J.
Postado por Pachelly Jamacaru
Fonte:www.cariricult.blogspot.com

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dante inspira obra de artista


Personagens do livro ”A Divina Comédia” são retratados e expostos durante a exposição “O Inferno de Dante”, disponível para visitas até 31 de outubro, no Crato (Foto: Elizângela Santos)

A exposição já acontece desde o último dia 7. É possível perceber que o público está ficando admirado com as obras do artista Francisco dos Santos
´A Divina Comédia´, de Dante Alighieri, tem personagens em argila, exposto na Região do Cariri até o dia 31

Juazeiro do Norte. Formas em padrões clássicos, inspiradas na obra de Dante Alighieri, “A Divina Comédia”. O constante interesse de buscar as formas exatas da anatomia humana, por meio da escultura em argila, trouxe um trabalho elaborado pelo escultor caririense, de Juazeiro do Norte, Francisco do Santos. Os detalhes de cada personagem arrancam suspiros dos que vão à exposição “O Inferno de Dante”, aberta para visitação na Galeria do Sesc Crato, até o próximo dia 31 de outubro.



O artista decidiu beber na fonte. A trilogia do autor clássico envolve o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, na Divina Comédia. E foi na maneira como são descritos os personagens que o estudo do escultor foi mais a fundo. A forma minuciosa e expressiva dos seus personagens, principalmente no Inferno, trouxe o aperfeiçoamento também de Francisco dos Santos, um autodidata que hoje vem buscando cada vez mais se especializar no que faz. Ele é estudante do curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri (Urca).

Material perfeito

Desde 1996, quando realizou o seu primeiro curso na Associação dos Amigos da Arte (Amar), com a escultura em argila, que procurou, antes de tudo, ter o material perfeito para elaborar as formas. A pesquisa veio pela argila que não desse trabalho na hora da secagem, ou mesmo quando levada para o forno. Foi um tempo para ter o resultado ideal. Entre a argila que ele chama de magra, com menos elasticidade, e a gorda, descobriu o meio termo e uniu as duas. Chegou na forma ideal, a liga perfeita, para desenvolver o talento. A dedicação ao artista e sua especialidade veio depois de ter a matéria-prima.

O foco de atuação vem junto com o estudo da anatomia. Os músculos, proporções do corpo humano, que seguem a medida das sete cabeças, dentro dos padrões das esculturas clássicas, estão contidos em seu trabalho. Além de escultor, Francisco dos Santos também desenha. Para ele, esse trabalho auxilia bastante no processo de confecção das personagens. Outra inspiração, dentro dessa forma de criar as imagens, foi por intermédio das gravuras de Gustave Doré.

Especialização

Mas foi num material acessível na região, que o escultor decidiu se especializar, por ter esse material com maior facilidade. “Posso também trabalhar maior riqueza de detalhes”, diz. As vantagens de transformar esse trabalho em cerâmica têm um sentido bem mais proveitoso. Para o escultor Francisco, a própria arqueologia confere isso, por meio dos milhares de anos de materiais que são estudados por intermédio das ferramentas provenientes de utensílios de peças desse tipo.

O trabalho simples e com fortes detalhes traz um pouco da história do renascimento para uma região onde os artistas, em sua maioria, buscam o regional para se inspirar. Isso, de forma nenhuma, incomoda o artista. “A idéia é também provar que nordestino pode trabalhar os padrões clássicos e podemos ficar apenas presos aos padrões regionais”, explica.

Francisco trabalha em seu ateliê Shanadú, na cidade de Juazeiro do Norte, onde ministra aulas de desenho, pintura, escultura, além de realizar, também, oficinas para diversas instituições do Estado, como o Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBNB) e também Sociedade de Apoio às Famílias Carentes (Soafamc).

Essa exposição, com apenas 12 peças, vem como um resultado tridimensional da realidade exposta, de forma nua e crua, pelo autor Dante Alighieri. O prazo, conforme o artista, foi de 45 dias para desenvolver cada personagem retratado no livro, com as formas sem fugir ao imaginário do leitor. O tempo maior é dedicado ao estudo e depois mãos à obra.

Cada trabalho tem uma história para contar. A expressão validada na percepção do artista. Um deles está em destaque na exposição. É denominado ´Depressão´. Caracteriza todas as pessoas que estão no limbo. Na ante-sala do inferno. E é nesse lugar onde estão todos aqueles que fizeram de tudo para não ficar no inferno. São o meio termo e também não chegaram ao céu. Eles vieram antes do cristianismo. Outro personagem conhecido, Caronte, o barqueiro que atravessava as almas do rio do inferno, também se encontra na exposição. Também tem Maomé, com suas vísceras expostas. O interessante é que a admiração da obra pelos visitantes da exposição, no Sesc, em Crato, desde o último dia 7, faz com que as pessoas se identifiquem com os personagens. Isso demonstra o reconhecimento do público pela busca da forma humana.

Mais informações:
Exposição ´O Inferno de Dante´
07 a 31 de outubro (8h às 20h)
Galeria do Sesc Crato
Atelier Escola Shanadu
(88) 3512.8103 / 8804.7596

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=580175

domingo, 19 de outubro de 2008

HOMEM MODERNO


Como ousas tu com tuas garras sem brio
Homem moderno afrontar-me com as chagas que tem no seio
Com tu'alma feroz, mortal, de olhar sombrio
Fazer ferir um olhar que só escapa enleio

Como ousas tu declarar fortuna
Nessas gargalhadas de dentes ocres e dourados
Há ouro em tua boca mas ela não vale coisa alguma
Assim como não valem as notas do teu brado

Eriçado de raciocínios bestuntos
Ousas falar-me de infinitos luxos que o dinheiro compra
Ouro, jóias, carros, embrosias, tudo...
Tudo que não preciso para deixar minhalma tonta

Ouro que torna-se ridículo perante minhas estrelas
Prata que não reluz a tez nem um olhar singelo
Tais ambrosias não mais valem que minhas centelhas
Assim como as mesmas me têm o essência do bem e do belo

Homem moderno não ergue pois tuas venturas
Sou poeta:crio e ergo sóis, mares, brumas
Perante o báratro sou a porta


Imagem: Óleo sobre tela de Eve. Tútulo: Angústia
Fonte:http://eveartes.blogspot.com/2008_02_01_archive.html

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TACITURNO


Nada há mais que nestes dias que possa eu pensar
Nada na brisa que leva, este silêncio a nenhum lugar
Nada no movimento intenso dos carros, nos gestos nobres e bravos
Nada além do velho hábito de me cansar

Cansa o prelúdio, cessou o adágio
nem vestígios das gotas sonoras de um pianíssimo...
Nada nos versos vorazes dos jovens,
Que movem este tempo rapidíssimo.

Estacionam as águas, congelam-se as poeiras no ar
Emudecem as notas que antes estavam a bradar
Agrilhoam-se os passos da dança...
A agora cantam e dançam as mazelas em forte brado sem cessar

Fotografia: Luís Gonzaga Batista
Endereço: http://olhares.aeiou.pt/sem_titulo/foto2085412.html

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CISMAS


Nas cismas do homem, como quem mexe com gravetos nas cinzas de uma recente fogueira.
Malina alí o poeta. Nas gavetas do ser, nos porões da alma está sua instância...
O doce das rimas, os brilhos dos vocábulos são meros floreios quando frente aos pântanos do espírito.
Defronta então nesta caminhada seus medos, seus segredos e dores, como os canos enterrados servindo como veias da cidade.

Sopra a poeira dos séculos mudos, como os vendavais sopraram os ponteiros dos loucos relógios que corriam feito as pás dos moinhos nas paisagens da Holanda.

Faz de teu verso, algo além de um cântico, mas sim uma oração onde expurga os pecados.
E eleva-nos aos degraus utópicos da perfeição

Desfaz-se desta máscara de cera. Pois a poesia é isso: dor em segredo, luz sobre as frestas, inferno e talvez paraíso.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

CANSADO


Cansado. Vinte e poucos anos e cansado
De duas guerras que não viví, mas que tenho os membros alheios mutilados em minhas refeições...

Cansado dos anos de câncer que sobrevivi bravamente chorando a dor alheia

Cansado da luz de mercúrio sangrando pelos postes do subúrbio

Vidrado do salto do super-herói na TV, do suicida tentando salvar-se, do homem no prédio em chamas...

Vidrado na beleza asnática e vulgar da menina branca que passa
Cansado daquele olhar que me tortura e me devassa

Cansado das navalhas nas carnes, pulsos desistentes...
Cansado dos vultos de esperança que latejam em minha mente.

Cansado dos meus séculos perdidos no Egito,
E por meu grito não ser ouvido nunca mais
Cansado das torturas nas almas dos aflitos
E eu aflito, indiferente, são e doente...tanto faz.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

De...lírios


Vejo-a pelo prado, dama dos ventos e dos vendavais
Vens a colorir as tulipas de vermelho, a dourar os trigos
Vens com o bálsamos dos meus ais
E dar-me em teu peito amoroso abrigo

Vens nos nacos de nuvens, nas manchas violáceas do entardecer
Vens na bruma da serra, nos mistérios da noite
Nos delírios do açoite
Que apunhala teu corpo ao meu em gozo e prazer

Ergue teu ser, teu brado, tua lira
E assim no meio das trevas que o tédio arrasta
Você no meio da noite resgata
Este poeta que agora inspira.

domingo, 5 de outubro de 2008

Hay Kay


A solução para essas almas perdidas
A andar por uma noite eterna, sem a luz do dia.
É cegá-las de rum
E embriagá-las de poesia.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ONDE ESTÁS?


Onde está você, entre as pessoas da rua
Onde está você no meio dos anjos, nos risos do pecado
Onde porventura, está tua aventura
Que possa deixa-la em paz, se assegurar

Onde está no meio nos carros,
No meio dos gritos de guerra,
No meio das trevas dos homens mais bravos.
Onde estás no meio da idéia primeva

Onde andas, onde tropeças
Que ruas, passarelas, que guetos
Vão te pregar mil peças
Para aprender tudo com dor, na dor em segredo

Onde tua lágrima cai?
Por quem tu perde as noites
Por quem se põem a pensar
Enquanto esse vil poeta cala, ao passo que recebe os açoites.