terça-feira, 29 de julho de 2008

COM OS OLHOS DE ACHAR POESIA


Do porto as velas cercam o sol no fim da tarde
Os homens descarregam das jangadas a geometria infinda das redes
Na peregrinação dos músculos cansados
No olhar crispado dos peixes

No fim da tarde o sol escorre como a lágrima na face,
As ondas se movimentam como a respiração, como arfar de um peito
E com efeito, o sol que lambe os rostos ainda arde
Arde como a paixão, sem brida, arreio ou freio.

No fim das tardes, do chocalho de dias que são os anos
A escaler, a jangada, os peixes, as ondas ainda se hamonizam
E na mesma valsa dançam, sob as retinas deste olhar praiano.
No fim da tarde ninguém diria, mas tudo é possível, com os olhos de achar poesia.

4 comentários:

Laís disse...

"Do porto as velas cercam o sol no fim da tarde"
amei todo o poema, especialmente a forma como vc leva o leitor a criar essa imagem de fim de tarde... =)

Vivz disse...

Por Nossa Senhora! Comentário mais lindo esse que vc deixou lá no Embrulho. Muito obrigada, Sávio. :)

Van disse...

Olhos como os teus, Sávio, vêem facilmente poesia em tudo. Teus olhos são lindos como a poesia que eles vêem.

Beijucas

Antonio Sávio disse...

Obrigado a todos pelos comentários. Poéticos, bem mais do que a própria poesia que se portaram a comentar. Um abraço a todos e mais uma vez agradeço as visitas.