quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O verbo era saudade

O verbo era saudade
Quando o passo era distante
E as lembranças tão perto
Que sentia-se seu hálito,
O verbo era róseo, cor-sangria dos fins de tarde
Quando os faróis dos carros
Como glóbulos vermelhos nas avenidas
Regressavam ao lar...
E saudade é cicuta, é curare
Para que sorve nos dias os goles
Do próprio veneno.
O verbo era feliz
Quando a valsa em dois era uma só
E uma só é a força de quem ama
Capaz de trucidar o próprio peito
De felicidade.
Mas relembrando, o verbo não era...
O verbo é presente (de grego)
De tanta saudade.

Foto: José Meneses.

Um comentário:

Filhas da Pagu disse...

Sávio, vc é muito bom nisso. Eu tb sempre me impressiono quando venho aqui.