segunda-feira, 11 de agosto de 2008

SOLO FÉRTIL



Ao longo do tempo, pesa o ter que arrastar grilhões.
E assim as vidas amargam, as faces sugadas, as asas podadas
Daí brotam os malsões e as almas decepadas...
Abre-se daí a palma da mão ao vento, e as utopias são jogadas as tufões
E num bailar sem graça, sem música, sem poesia
Numa dança macrabra, numa tez opaca de metal lixado
Pende para um lado a vida, para três lados a morte.
Não é mais homem, nem mulher tampouco criança. És um feixe de músculos, de ações levadas por uma harmonia conduzida por uma batura qualquer, menos a própria consciência.
Anda indiferente as crateras da lua que pisas, do ar que lhe falta, da fome que lhe sangra e do desamor que lhe cega.
No cume da injúria latejam os ossos de dor,brada a alma por poesia, os tímpanos por música, as retinas pelo descanso da tela, e ele grita:
- Quem sou? Levo ou sou levado pela brida? De onde vieram tais pegadas? Onde estou e de onde fui levado?
Nada responde. O orvalho sangra mil cores num prisma sobre seus olhos e a alma sensível as capta.
Nada responde? Se lhe jorram harmonias de seu próprio peito, fétil como terra roxa?
Tudo certamente agora vos fala, pois o despertar de um homem é ter a alma infestada de poesia.

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