quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Uma lágrima.

Uma lágrima de sal
Para as mortes distantes
Para as mortes de entes
Como eu e você, como agora e antes
Chora a parafina na vela, no castiçal
Chora a luz bruxelante, nesse silêncio de umbral
Uma lágrima para os mortos de Unganda,
Uma lágrima para o afegão.
Uma lágrima na tua consciência
É desde já uma revolução.
Uma oração pelos cambojanos,
Uma reza pelos cubanos fuzilados no paredão,
Onde hoje o sol brinca com as cores de sangue
Espichadas, que escorreram pelo chão.
Uma lágrima de sal, pela fome no Butão
Uma oração antes do café da manhã
Antes de qualquer comemoração.
Uma lágrima de sal, para adoçar o teu mar
Para descortinar essas trevas,
Para fazer de conta que você se importa.

Foto: Nuno Ferreira

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