Ainda cá, no mesmo local de sempre
Vivo com meu olhar de cão perdigueiro.
Não a caçar perdizes, mas na mesma ânsia do cão faminto,
Caço sobre o mundo, as nuances dos finais de tardes.
Ainda caço o negror da pupila reluzente a me olhar pelo canto do olho,
Assim como ainda insisto nas buscas das pele brancas e trigueiras ao longo das madrugadas.
Persigo após o pó das eras, a última gota do cuba libre,
Que me solta os instintos mais primitivos...
Com a lupa sobre o mundo meu anjo, rastejo a língua como uma cobra,
A perseguir os sabores, o olfato os cheiros e a retina cansada,
As matizes que pousam sobre o meu opaco olhar.
E cá estou sobre o mundo, sendo eu ainda o mesmo:
Esta forja de pecados e mesma labareda de desejos.
Foto: Renato Luiz Ferreira
Um comentário:
Um quase-erótismo por trás de tudo.... Gostei.
"O pó das eras, a última gota do cuba libre..." "a língua como uma cobra"
Imagens forte e eróticas.
Persiga, moço.
Persiga tudo!
Até que encontres e agarres.
Até que tudo seja teu.
Beijucas
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