domingo, 18 de maio de 2008
ODE À DOR
Cala-se a lira ante a dor no seio
Cala-se a cor das rubras papoulas nos verdes prados
Tudo é cinza, sem o nome, sem esperança
Voa ela feito folha de outono,
Seca, ao sabor do vento, quebradiça
Assim como escorre pelo o chão o que sinto e que a mesma desperdiça
Estanca-me o passo, veda-me o olhar
Escapa-me o tato, o cheiro
Rouba-me a dor, o ar e o paladar
Rasga-me a noite, tira-me o luar
Sangra a lua em dores horrendas
Assim como sangra o meu peito com os orvalhos em meu olhar
Grune, geme, berra num brado medonho todo meu ser
E eis que sei que haverei de lamentar
As minhas dores pelos milênios que me restam, da noite ao amanhecer.
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