sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Arte de verdade.

Há um remoer, um regurgitar, uma moenda de cismas no verdadeiro artista que suas caricaturas, seus copiadores não ousam alçar vôo. É um mastigar de vírgulas, um cheirar nos versos, é por o coração num prato branco e prová-lo em fatias, sentindo no paladar, pondo a prova o olfato, a visão, o tato, tudo enfim. É nisso que se faz o artista. Não só a exposição de sua arte, mas, bem antes disso a aventura em descobrir-se no silêncio, na treva, na reflexão solitária. Aí não há aplausos, não há possibilidade para erguer o ego. Há um deserto para desbravar. São poucos que se aventuram, são poucos que podem ser incluídos nesse bojo. O resto? O resto são ninharias. Sempre vão ocupar mais espaço que os verdadeiros e poucos artistas que existem. Nunca foi diferente, e nem será.
Imagem do post:Caravaggio
(Caravaggio, Lombardia, 1573 - Porto Ercole, 1610)

Pintor italiano. Homem de vida airada, Michelangelo Merisi estuda inicialmente em Milão com o maneirista Peterzano, contra cuja estética reage asperamente. Autodidacta no que se segue, a sua pintura suscita violentas reacções. Mas apesar das críticas dos artistas, o público aprecia as suas telas rugosas, encrespadas de pastosidades e dominadas pelo que a partir dele se chama «tenebrismo». Estabelece-se em Roma até que, obrigado a fugir por se ter envolvido numa sangrenta rixa, se refugia em Nápoles (1606). Percorre o Sul do país perseguido pela justiça até que vai para Malta (1607), onde é recebido na Ordem de S. João. Encarcerado um ano mais tarde por ofensas a um cavaleiro da ordem, consegue fugir para a Sicília e, dali, para Messina (1609). Regressa a Nápoles, até onde o perseguem os seus inimigos malteses, que o deixam gravemente ferido. Amnistiado por Roma, dirige-se a Porto Ercole, onde é detido por erro. Uma vez libertado, morre obscuramente (segundo certas versões, de umas febres).

A atitude artística deste pintor é de franca rebeldia contra os convencionalismos do momento. O estranho realismo de Caravaggio consiste não em copiar e observar a natureza, mas em contrapor o valor moral da prática ao valor intelectual da teoria.

O aspecto mais notável da sua obra é o tratamento da luz, que recebe o nome de tenebrismo. Consiste em projectar a luz sobre as formas com violência e em contraste intenso e brusco com as sombras. O seu precoce domínio dos efeitos claro-escuro (Caravaggio morre em 1610) marca o início de uma das grandes conquistas da pintura barroca. Outra característica primordial do estilo de Caravaggio é o naturalismo exacerbado como reacção face ao idealismo renascentista. Naturalismo que, por outro lado, não está em duelo com a grandiosidade da composição.

A este interesse naturalista respondem quadros de costumes como Mulher a Tocar o Alaúde e Jogadores de Cartas, pintados na sua primeira época. A plenitude do seu estilo encontra-se em cenas religiosas que trata com um naturalismo e um realismo quase insolentes. Tal é o caso de O Santo Enterro e de O Enterro da Virgem. Nesta última obra, a figura da Virgem é inspirada no cadáver de uma mulher afogada no Tibre e com o ventre inchado. A exposição pública deste quadro numa igreja choca com o gosto classicista imperante em Roma, e tem que ser retirado

A influência de Caravaggio sente-se poderosamente em Itália e no resto da Europa durante todo o século xvii, e os seus seguidores continuam a cultivar o tenebrismo e o naturalismo no século seguinte.

Um comentário:

dadomagalhaes disse...

Diga ai Antonio Sávio de Crato CE terra linda voce deixou um comnetário no meu blog de fotografia. Conheci o trabalho dos fotógrafos do Cariri adorei e parabéns também pelo seu blog. se o link para meu blog de música entra lá e baixa alguma coisa por conta de casa ... inté!