domingo, 19 de outubro de 2008

HOMEM MODERNO


Como ousas tu com tuas garras sem brio
Homem moderno afrontar-me com as chagas que tem no seio
Com tu'alma feroz, mortal, de olhar sombrio
Fazer ferir um olhar que só escapa enleio

Como ousas tu declarar fortuna
Nessas gargalhadas de dentes ocres e dourados
Há ouro em tua boca mas ela não vale coisa alguma
Assim como não valem as notas do teu brado

Eriçado de raciocínios bestuntos
Ousas falar-me de infinitos luxos que o dinheiro compra
Ouro, jóias, carros, embrosias, tudo...
Tudo que não preciso para deixar minhalma tonta

Ouro que torna-se ridículo perante minhas estrelas
Prata que não reluz a tez nem um olhar singelo
Tais ambrosias não mais valem que minhas centelhas
Assim como as mesmas me têm o essência do bem e do belo

Homem moderno não ergue pois tuas venturas
Sou poeta:crio e ergo sóis, mares, brumas
Perante o báratro sou a porta


Imagem: Óleo sobre tela de Eve. Tútulo: Angústia
Fonte:http://eveartes.blogspot.com/2008_02_01_archive.html

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