segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Dante inspira obra de artista
Personagens do livro ”A Divina Comédia” são retratados e expostos durante a exposição “O Inferno de Dante”, disponível para visitas até 31 de outubro, no Crato (Foto: Elizângela Santos)
A exposição já acontece desde o último dia 7. É possível perceber que o público está ficando admirado com as obras do artista Francisco dos Santos
´A Divina Comédia´, de Dante Alighieri, tem personagens em argila, exposto na Região do Cariri até o dia 31
Juazeiro do Norte. Formas em padrões clássicos, inspiradas na obra de Dante Alighieri, “A Divina Comédia”. O constante interesse de buscar as formas exatas da anatomia humana, por meio da escultura em argila, trouxe um trabalho elaborado pelo escultor caririense, de Juazeiro do Norte, Francisco do Santos. Os detalhes de cada personagem arrancam suspiros dos que vão à exposição “O Inferno de Dante”, aberta para visitação na Galeria do Sesc Crato, até o próximo dia 31 de outubro.
O artista decidiu beber na fonte. A trilogia do autor clássico envolve o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, na Divina Comédia. E foi na maneira como são descritos os personagens que o estudo do escultor foi mais a fundo. A forma minuciosa e expressiva dos seus personagens, principalmente no Inferno, trouxe o aperfeiçoamento também de Francisco dos Santos, um autodidata que hoje vem buscando cada vez mais se especializar no que faz. Ele é estudante do curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri (Urca).
Material perfeito
Desde 1996, quando realizou o seu primeiro curso na Associação dos Amigos da Arte (Amar), com a escultura em argila, que procurou, antes de tudo, ter o material perfeito para elaborar as formas. A pesquisa veio pela argila que não desse trabalho na hora da secagem, ou mesmo quando levada para o forno. Foi um tempo para ter o resultado ideal. Entre a argila que ele chama de magra, com menos elasticidade, e a gorda, descobriu o meio termo e uniu as duas. Chegou na forma ideal, a liga perfeita, para desenvolver o talento. A dedicação ao artista e sua especialidade veio depois de ter a matéria-prima.
O foco de atuação vem junto com o estudo da anatomia. Os músculos, proporções do corpo humano, que seguem a medida das sete cabeças, dentro dos padrões das esculturas clássicas, estão contidos em seu trabalho. Além de escultor, Francisco dos Santos também desenha. Para ele, esse trabalho auxilia bastante no processo de confecção das personagens. Outra inspiração, dentro dessa forma de criar as imagens, foi por intermédio das gravuras de Gustave Doré.
Especialização
Mas foi num material acessível na região, que o escultor decidiu se especializar, por ter esse material com maior facilidade. “Posso também trabalhar maior riqueza de detalhes”, diz. As vantagens de transformar esse trabalho em cerâmica têm um sentido bem mais proveitoso. Para o escultor Francisco, a própria arqueologia confere isso, por meio dos milhares de anos de materiais que são estudados por intermédio das ferramentas provenientes de utensílios de peças desse tipo.
O trabalho simples e com fortes detalhes traz um pouco da história do renascimento para uma região onde os artistas, em sua maioria, buscam o regional para se inspirar. Isso, de forma nenhuma, incomoda o artista. “A idéia é também provar que nordestino pode trabalhar os padrões clássicos e podemos ficar apenas presos aos padrões regionais”, explica.
Francisco trabalha em seu ateliê Shanadú, na cidade de Juazeiro do Norte, onde ministra aulas de desenho, pintura, escultura, além de realizar, também, oficinas para diversas instituições do Estado, como o Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBNB) e também Sociedade de Apoio às Famílias Carentes (Soafamc).
Essa exposição, com apenas 12 peças, vem como um resultado tridimensional da realidade exposta, de forma nua e crua, pelo autor Dante Alighieri. O prazo, conforme o artista, foi de 45 dias para desenvolver cada personagem retratado no livro, com as formas sem fugir ao imaginário do leitor. O tempo maior é dedicado ao estudo e depois mãos à obra.
Cada trabalho tem uma história para contar. A expressão validada na percepção do artista. Um deles está em destaque na exposição. É denominado ´Depressão´. Caracteriza todas as pessoas que estão no limbo. Na ante-sala do inferno. E é nesse lugar onde estão todos aqueles que fizeram de tudo para não ficar no inferno. São o meio termo e também não chegaram ao céu. Eles vieram antes do cristianismo. Outro personagem conhecido, Caronte, o barqueiro que atravessava as almas do rio do inferno, também se encontra na exposição. Também tem Maomé, com suas vísceras expostas. O interessante é que a admiração da obra pelos visitantes da exposição, no Sesc, em Crato, desde o último dia 7, faz com que as pessoas se identifiquem com os personagens. Isso demonstra o reconhecimento do público pela busca da forma humana.
Mais informações:
Exposição ´O Inferno de Dante´
07 a 31 de outubro (8h às 20h)
Galeria do Sesc Crato
Atelier Escola Shanadu
(88) 3512.8103 / 8804.7596
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=580175
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