quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TACITURNO


Nada há mais que nestes dias que possa eu pensar
Nada na brisa que leva, este silêncio a nenhum lugar
Nada no movimento intenso dos carros, nos gestos nobres e bravos
Nada além do velho hábito de me cansar

Cansa o prelúdio, cessou o adágio
nem vestígios das gotas sonoras de um pianíssimo...
Nada nos versos vorazes dos jovens,
Que movem este tempo rapidíssimo.

Estacionam as águas, congelam-se as poeiras no ar
Emudecem as notas que antes estavam a bradar
Agrilhoam-se os passos da dança...
A agora cantam e dançam as mazelas em forte brado sem cessar

Fotografia: Luís Gonzaga Batista
Endereço: http://olhares.aeiou.pt/sem_titulo/foto2085412.html

Um comentário:

Carlos Rafael Dias disse...

Caro Antonio,

"Nada nos versos vorazes dos jovens,
Que movem este tempo rapidíssimo."
Poderia ser também:
"Tudo nos versos vorazes dos jovens,
Que movem este tempo muito lentamente

Palavras certas e precisas, estilo lapidado e elegante nos ajudam a pensar sobre esses belos e horríveis tempos de hoje.

P.S.: Sobre o convite para palestras aos seus alunos e de nosotros, é só marcar e avisar. Se puder, deixe o seu contato no meu e-mail. Poderemos marcar um encontro de reconhecimento mútuo.

Grande abraço. Avante, poeta!