Aqui, bem aqui, onde as plumas valsam ao sol do meio dia
Aqui, onde as vagas não chegam, onde as gotas não caem
O tempo é sol, e sendo este dia e noite protagonista da dor,
Pai do medo e da fome, não sobraram poetas para cantá-lo.
Aqui, bem onde desconfio ser o coração do sol
Não existem Leminsks, não cantam Jobins
Dalís morrem ao primeiro raio de realidade
Cá, somente valsam viventes com almas em frangalhos
Olhos secos de arte, cegos de fome, fome, de quem não come mais as migalhas
Sequer de um só sonho. Medonho!
Aqui, onde a lua é mera tolice, luz boba e teimosa, inútil.
Útil seria cá entre meus dedos, para torcê-la,
Assim como fiz nas carnes de Maria, e a vi gemer...
Assim queria-a, entre meus dedos para ver se ela me gemeria
Um só gole d’água, para uma garganta sedenta, fomenta e atordoada pela realidade.
Foto: Deise Rezende
Um comentário:
Um doído retrato de várias realidades, onde figuram a ausência material e principalmente os despojos da alma que já não sonha. Atordoante retrato da mesquinha realidade, que a despeito da beleza de um tempo que é de sol, seca a terra da alma para futuras colheitas. Lindíssimo, sobretudo em: "O tempo é sol, e sendo este dia e noite protagonista da dor,
Pai do medo e da fome, não sobraram poetas para cantá-lo.
Aqui, bem onde desconfio ser o coração do sol
Não existem Leminsks, não cantam Jobins
Dalís morrem ao primeiro raio de realidade"
Roberta, logada em Atalhos.
(www.sedeemfrenteaomar.blogger.com.br)
Postar um comentário