segunda-feira, 26 de julho de 2010
Paixão e queda.
No campo de guerra das paixões
Sangro, vazando feito a brisa
Que movem as ondas.
Quedo, mas meu cair
Faz ruir junto comigo
Tudo que está perto.
Mesmo em silêncio,
O sol nos fins de tarde
Batalha e geme em explosões
Magníficas, para ser vencido.
Ainda ferido, caído ao chão
Quem por eu passar
Não poderá ignorar meu sangue
Sob suas botas,
Tingindo minha dor em suas pegadas.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Medos
Medos de dentro da noite
Medos dos coices nas feras
Medo dos rubros dos olhos
Que brilham dentro da noite
Como foice, como duas esferas
Medo de peitos sombrios
Medo do estio de amores
Medo de tantas as dores
Do sangue, dos acúleos de flores
De rosas, de dentes, de garras de feras
Medo, lâmina em desejo
Medo e desejo de carnes
Gozo dentro da noite
Paixão em açoite
Corte de lâmina que arde
Medos de sonos fugazes
Medo de noites eternas
Medo das fronteiras do amor
Do traslado da dor
A levar-me as feras
Medo covarde, temor
Temo um amor de uma fera
Fera acata essa flor
Acata este poema
Com versos sem pontas
Redondos com uma esfera.
Ver
Para que o minuano, a leve brisa
Leve meu coração, como nacos de neves
Sobre as montanhas,
Sobre os pinheiros nos montes
E pouse dócil sobre alguma leve folha
Que o calor dos raios do sol
Lágrima, pois o que é lágrima
Não é só de dor.
Ainda abro-me ao sonho, a guarda
Aberta as flechas
De algum travesso cupido bêbado,
Ou ébrio de ópio que seja,
Que teima em dar-me esperanças
De atingir-me com risos brancos
Com olhos tão lindos,
Rutilantes, tão raros,
Com beijos tão doces
De palatos tão caros...
Anjos vadios, de flechas tão certas
Incerta é a vida,
Que este poeta ainda leva,
Mas certo é o desejo,
Que após tanto pranto preserva.
domingo, 11 de julho de 2010
Horda de Anjos Sedentos
Babam sobre os balcões e repetem as doses dos runs
Uísques, cachaças baratas...
Os anjos sem pais em pensamentos delirantes
Deliram e giram nas noites de tangos.
Levitam sobre as calçadas em sono
Que murmuram segredos em seus ouvidos oníricos.
Os anjos delirantes não suportam essa vida,
Essa morte vestida de terno e gravata,
Pasta vazia na pata direta como espinhos que furam cadelas...
Em plena solidão que apunhala, que lhes rasgam as artérias
As pálpebras de sono, deixando os olhos atentos
E o coração a pino, com a lua (câncer) crescente à meia noite.
Poema...
Como os primeiros raios de sol
Tocam de leve, tato-veludo sobre a pele
Os poemas, são feras outrora
Em esferas que explodem dentro d'alma
São brados fortíssomos que podem cortar
Há poemas que não se precisa falar
Eles nascem na beira das estradas
Sob a forma de pétalas,
Nascem e renascem pela forma de sonhar
E pela estrada que dorforma
Dá nova forma ao nosso caminhar
Todo poema é bem verdade
É uma forma de cantar
E esta forma transforma
O nosso chorar
Como os brados que calam
Ao que acalanta
Ao que acalanta
Ao que acalanta...
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Depois dos Falsos Bilhantes

Quando os falsos sorrisos cessarem
E as harpas calarem, e as frutas secarem
Suando a voz do Tejo calar
Serei eu quem dirá: - Te amo
Por quê? Por que, eu não sei
Mas sei que preciso te amar
Assim sonatas cantam sob o silêncio
Como entes que existem em nós
Mas não precisam falar...
A voz fere o silêncio
E é este o único palco que podemos sonhar
Quando nua, sem a chaga da vaidade
Despida dos pecados sutis e fugazes
Quando assim, seremos capazes
De pecar sem temor do real
Ou o ardor do sonhar.