segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DELÍRICO CEARÁ


O que fazem, os dias passados em minhalma
Sem ter ardido o sol em minha pele,
Sem os vapores da terra em meu corpo,
Sem o dardejar de ventos vindos das serras
Rebatidos pelos seios dos chapadões que motivam meus sonhos,
Para além do horizonte que desenha-se sobre meus olhos?
O que fazer sem os dias, sem as tardes que possa levitar como as folhas de outono?
O que fazer sem o hálito do mar, sem as rendas que se dipersam na praia e que muitos as chamam de ondas?
São nesses passos lentos que percorro meu caminho quando o sol põe-se a sangrar no final da tarde, tingindo a dor do final do dia e talvez lá também sangre minhas angústias e a saudade que tenho de tí...
Continuo a galopar entre os rios ao passo que o luar espia-me com um só olho...
No balanço das árvores pulso em cada folha que nasce, e em cada raiz a correr os sais necessários para o bradar da mesma.
O bradar em silêncio que cada árvore faz no meio dos vendavais, envergando seus galhos ao sabor dos ventos como quem gesticula.
Assim prossigo em monólogo com as conchas e com tudo que possua uma olhar que vaze harmonia, assim como os teus que agora em repouso, em algum lugar deve sonhar...
Sonhar com as notas dispersas de alguma lira e o com voz metálica de algum poeta que possa descrever as paisagens verdes aos seus olhos cerrados pelo sono e pelo negror da madrugada.
Ao longo desses dias em que sonhas, percorro as trilhas que o poeta a descreve e com sorte talvez possa eu aparecer nas mesmas.
Quem sabe no violento vermelho, róseo, laranja do tarde, no sabor das liras ou vibrar dos versos que um dia fiz a tí.

Um comentário:

Domingos Barroso disse...

Belo.
Abraços, meu camarada.